03/05/2006 - Para eleitor, Brasil de Lula mudou para melhor
Pesquisa realizada pelo instituto Criterium aponta que, para a maioria dos brasileiros, o Brasil mudou para melhor com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esta é a opinião de 58% dos entrevistados pelo levantamento, encomendado pela Fundação Perseu Abramo e divulgado parcialmente pelo jornal O Estado de S.Paulo no último domingo (30).
O levantamento, realizado entre os dias 10 e 16 de março com 2.379 pessoas de todos os Estados do país, tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Entre os 58% que acham que houve mudanças positivas no país, 16% consideram que mudou muito, e 42%, que mudou um pouco. Para outros 25% dos entrevistados, não houve mudança, e apenas 13% acreditam que o país mudou para pior.
“Essa percepção de que o Brasil mudou para melhor é o que sustenta a popularidade do governo e as boas chances de reeleição”, afirma o sociólogo e cientista político Gustavo Venturi, diretor da Criterium.
Entre as principais ações positivas do governo, os programas sociais são citados por 33% dos entrevistados — especialmente Bolsa Família, Bolsa-Escola e ProUni —, a economia é citada por 18%, e o combate à fome, por 14%, seguido por salários (7%), geração de empregos (6%) e educação (5%).
Apresentados a uma lista de áreas de atuação do governo Lula, os entrevistados escolhiam entre as opções “melhorou”, “piorou” e “ficou igual”. Os melhores resultados, ou seja, os maiores saldos (diferença entre os índices “melhorou” e “piorou”) foram, em ordem decrescente: 1) participação do Brasil na política internacional; 2) educação pública; 3) apoio ao esporte e lazer; 4) combate à fome e à miséria; e 5) desenvolvimento econômico do país. Os saldos mais baixos foram verificados em: 1) segurança e combate à violência; 2) combate à corrupção; e 3) manutenção das estradas.
Lula X FHC
Na comparação entre o governo atual e o de FHC, Lula sai disparado na frente: a gestão Lula é melhor para 48% dos entrevistados, igual para 25% e pior para 21% — 6% não souberam responder.
O índice de aprovação ao governo Lula nesses três anos e dois meses é de 57%, segundo a pesquisa da Criterium. Desse total, 8% consideram o governo ótimo, 26% o classificam como bom e 23%, como “regular para bom”.
O governo é reprovado por 35%.
O grau de satisfação com o governo também é positivo: 51% estão satisfeitos, contra 43% que dizem estar insatisfeitos. Os que votaram em Lula e estão satisfeitos com suas ações são 37%. Apenas 19% dos que votaram nele estão arrependidos. Entre os entrevistados que não votaram no Lula, 14% estão satisfeitos com o que ele vem fazendo. Outros 24% que não são seus eleitores não gostam de seu governo.
O grau de satisfação com o governo é maior no Nordeste, chegando a 71%. Em seguida vêm as regiões Norte e Centro-Oeste (54%), Sudeste (43%) e Sul (40%).
A pesquisa também mediu o desempenho pessoal de Lula, que continua alto: é aprovado por 63% dos entrevistados. O índice de desaprovação é de apenas 30%. A avaliação do desempenho pessoal do presidente é positiva para 43%, regular para 37% e negativa para 18%.
Percepção de crise
A percepção de o Brasil mudou para melhor também contribui, segundo Gustavo Venturi, para outro resultado da pesquisa: apesar de a oposição martelar há cerca de um ano, na mídia, a idéia de que este seria o governo mais corrupto da história, a população não comprou essa falsa idéia.
A maioria dos brasileiros acredita que os governos de outros partidos são mais corruptos. Para 69% dos entrevistados, “tem corrupção na maioria dos governos, até mais nos governos de outros partidos”. Apenas 15% acreditam que “isso [a denúncia de corrupção] não foi um caso isolado, mas acontece principalmente nos governos do PT”. Outros 5% escolheram a frase “esse tipo de corrupção é um caso isolado, aconteceu somente no governo Lula”. Não souberam responder 7% dos entrevistados.
“Há um grau de percepção sobre a crise que abalou o PT, mas o partido continua sendo, para a população brasileira, o que tem maior compromisso com os movimentos sociais”, avalia Venturi. De acordo com ele, se o pilar da ética chegou a ser abalado, a popularidade permanece porque o outro pilar, o do compromisso com o trabalhador, continua firme.
Preferência partidária
Esta avaliação é confirmada quando medida a preferência partidária dos entrevistados. Reafirmando o que as pesquisas anteriores vinham mostrando, o PT continua a ser o partido preferido do eleitorado brasileiro. Preferem o PT 23% dos entrevistados. Em segundo lugar, bem distante, está o PMDB, com 9% da preferência e PSDB, com 7%. Confira a preferência por partido:
PT – 23%
PMDB – 9%
PSDB – 7%
PFL – 4%
PDT – 1%
PL – 1%
PTB – 1%
Outros – 3%
Sem preferência – 53%
Questionados sobre as razões da preferência pelo PT, a maioria (15%) afirmou que o motivo principal é que a atenção do partido é voltada aos menos favorecidos. Em seguida, com o segundo maior número de citações (5%), está o fato de o entrevistado acreditar nas propostas e nos ideais do partido.
PT hoje
As mudanças promovidas pelo PT após a crise política, com o afastamento de alguns dirigentes e a renovação de seus quadros com o PED (Processo de Eleições Diretas), foram consideradas positivas por 41% dos entrevistados. Outros 40% não souberam responder e 8% consideraram-nas negativas.
Para 34% dos entrevistados, as mudanças foram verdadeiras, mas insuficientes, e é preciso fazer mais. Outros 25% consideram que a mudança foi apenas uma fachada para fingir que o partido estava mudando. Ainda, 16% acham que as mudanças foram adequadas aos problemas que as denúncias apontavam e 8% classificaram as mudanças de “exageradas” e que o partido não deveria ter perdido os dirigentes que perdeu — 18% não souberam responder a questão.
Para os próximos anos, a maioria esmagadora (71%) acredita que o PT vai se recuperar. Desse total, 31% ressalva que não será tão forte como antes; 28% acha que o partido voltará a ter a mesma “musculatura” que antes; e 13% acha que o PT vai continuar crescendo como sempre cresceu, desde que surgiu.
Uma minoria (19%) aposta que o PT não irá se recuperar, ficará menor e perderá força política. Outros 8% não souberam responder.
Financiamento de campanha
A pesquisa indica que a maioria da população prefere que o financiamento de campanhas continue privado, ao contrário do que defende o PT e outros partidos de esquerda. Entre os entrevistados, 45% preferem que o financiamento de campanha continue como está. O financiamento público foi defendido por 39%. Outras respostas somaram 5%, e 11% não souberam responder.
O resultado indica, segundo Gustavo Venturi, um esclarecimento insuficiente sobre este tema. De acordo com ele, a recente crise política ocorrida no país foi pouco utilizada no sentido de aprofundar a discussão sobre mecanismos de financiamento de campanha. “Essa questão teria que ter sido muito mais debatida”, diz o cientista político.
A pesquisa estará disponível no site da fundação (www.fpabramo.org.br).
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