Para FHC, falando a uma platéia de empresários, "o PSDB não pode ter medo de defender suas idéias". Concordo plenamente, acho que o PSDB deve ter coragem para vir a publico e mostrar o que fez, o que pensa e o que faria se, por uma imensa desgraça, chegasse ao poder. O PSDB não deve esconder todas as privatizações feitas nos 8 anos do governo de FHC, não deve esconder o desejo de privatizar a Petrobras, o BB, a Caixa, os Correios. É errado esconder as suas idéias. Esconder, por exemplo, que acha o programa Bolsa Família um desperdício, pois não deveria haver essa redistribuição de dinheiro para acabar com a miséria e a fome. Afinal, tem que ser doutor em sociologia pela Sorbonne para criar um contingente de 54 milhões de miseráveis no Brasil, como fez FHC. O PSDB deveria ser bem explícito. Nas campanhas eleitorais deveria deixar claro para essa imensa parcela da população que é beneficiada pelo Bolsa Família que não concorda com o programa e que pretende acabar com ele, como pretende acabar com o PROUNI. Eles não acham que jovens pobres devam ter a oportunidade de freqüentar as universidades dos ricos. O PSDB não pode ter medo de explicar como, quando governo, quebrou duas vezes a economia do país. Tampouco deve temer explica como criou tanto desemprego, promoveu tantas falências, elevou os juros a níveis estratosféricos, tomou empréstimos e mais empréstimos junto ao FMI. Eles têm o direito de provar que é um bom negócio para o país tomar empréstimos do FMI, ter o FMI ditando regras econômicas recessivas para o país e vigiando sua aplicação. O PSDB precisa mostrar que o Proer dos bancos foi uma idéia genial: socorrer bancos particulares falidos com dinheiro do BNDES, saneá-los e vendê-los a preço de banana. FHC sente orgulho de ter feito isso. Ao invés de o BNDES financiar microempresários, e com isso gerar empregos e renda, como faz o governo Lula, para o PSDB foi mais importante socorrer os amigos banqueiros com dinheiro público. Essa generosidade com banqueiros falidos custou na época, segundo os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, 3% do PIB. Outra idéia genial defendida pelo PSDB é a flexibilização das leis trabalhista: o partido precisa explicar que isso significa tomar dos trabalhadores vários direitos, como as férias, o décimo terceiro e a licença maternidade. O projeto de lei elaborado por FHC também esvaziava o poder de negociação dos sindicatos. No Senado, o governo FHC não teve forças para aprovar essa medida anti-social. Mas Alckmin, por exemplo, já havia declarado há tempos, na revista Época, que é totalmente favorável à flexibilização das leis trabalhistas e que iria batalhar para a aprovação da lei. O PSDB não pode ter medo de defender que quer governar para os mais abastados, que quer beneficiar exclusivamente os empresários, os banqueiros falidos, que fecha os olhos para o desmatamento desenfreado na Amazônia, que fecha os olhos para a corrupção, para a sonegação fiscal, para o contrabando, para o trabalho em regime de escravidão. Eles têm que mostrar isso para a população, não podem ter medo de mostrar a verdade. FHC está certíssimo.
Jussara Seixas
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